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Inibidores de Proteases: Soja e a Sobrecarga do Pâncreas

Inibidores de Proteases: Soja e a Sobrecarga do Pâncreas

Estes inibidores são resistentes às enzimas digestivas no trato gastrintestinal, prejudicando os processos de digestão, absorção e utilização de nutrientes.

A nossa série sobre Fatores Antinutricionais continua, agora para falar sobre uma substância encontrada com frequência nos alimentos, os inibidores de enzimas digestivas. Você sabe qual é o seu efeito para o nosso organismo? Eles formam complexos com as enzimas proteolíticas pancreáticas, tornando-as inativas.

Entre os mais conhecidos estão os inibidores de enzimas proteolíticas (tripsina, quimiotripsina) e amilolítica (amilase), sendo estas produzidas pelo pâncreas [1]. Em leguminosas, os inibidores de tripsina e lectinas são conhecidos como Aglutinina de Soja (SBA). A SBA, na soja in natura, é resistente às enzimas digestivas no trato gastrintestinal (GI) e se liga ao epitélio intestinal afetando as vilosidades, o que faz com que estas proteínas sejam prejudicadas nos processos de digestão, absorção e utilização de nutrientes [2].

Os inibidores de proteases na soja são constituídos pelo inibidor de tripsina Kunitz e pelo inibidor de tripsina e quimiotripsina Bowman-Birk. Estes são classificados em duas principais categorias: os de alto peso molecular (cerca de 20.000 kDa), que apresentam duas pontes de dissulfeto, 181 resíduos de aminoácidos e possuem especificidade primária para tripsina; e os de peso molecular entre 6.000 e 10.000 kDa com alta proporção de ligações dissulfeto, 71 resíduos de aminoácidos e capacidade para inibir tripsina e quimiotripsina em sítios de ligações independentes [3].

Cerca de 80% da inibição da atividade tríptica de grãos de soja é causada justamente pela ação do inibidor de tripsina Kunitz. Estes antinutrientes inibem as enzimas proteolíticas e, consequentemente, reduzem a digestão proteica de alimentos, proporcionando menor ganho de peso e crescimento dos animais [4].

Entre os vários efeitos fisiológicos atribuídos aos fatores antitrípsicos, destacam-se a complexação com a tripsina e a quimiotripsina secretadas pelo pâncreas, impedindo a ação proteolítica dessas enzimas. Para tentar reverter a inibição da ação das enzimas proteolíticas, o pâncreas secreta mais enzimas, que são novamente inibidas, gerando uma sobrecarga pancreática e, consequentemente, uma hipertrofia do órgão, reduzindo a ação digestiva e, por conseguinte, prejudicando o desempenho do organismo [5].

Continue acompanhando os nossos artigos sobre os fatores antinutricionais e, caso tenha qualquer dúvida, procure sempre orientação médica.

Fique com Deus!

Fonte(s):
1 – Ramírez-Cárdenas L, Leonel AJ, Costa NMB. Efeito do processamento doméstico sobre o teor de nutrientes e de fatores antinutricionais de diferentes cultivares de feijão comum. Ciênc Tecnol Aliment. 2008;28(1):200-13.
2 – Zang J, Li D, Piao X, Tang S. Effects of soybean agglutinin on body composition and organ weights in rats. Arch Anim Nutr. 2006;60(3):245-53.
3 – Brune MFSS, Pinto MO, Peluzio MCG, Moreira MA, Barros EGB. Avaliação bioquímico-nutricional de uma linhagem de soja livre do inibidor de tripsina kunitz e de lectinas. Ciênc Tecnol Aliment. 2010;30(3):657-63.

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Sobre o autor

Olá, eu sou o doutor Juliano Pimentel. Médico, fisioterapeuta e coach que ajuda as pessoas com conteúdos sobre saúde, alimentação e emagrecimento. Também sou celíaco e tenho uma vida de pesquisa sobre o Glúten.

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